Essas ideias ganharam
suporte das pesquisas que têm em comum as concepções de aprendizagem
socioconstrutivistas, que consideram o conhecimento como sendo elaborado pelo
sujeito, e não só transmitido pelo mestre. Entre os principais pensadores estão Lev Vygostsky (1896-1934)
- que mostrou a importância da interação social e das trocas de saberes entre
as crianças - e Jean Piaget (1896-1980)
- pai da teoria construtivista.
Nos anos 1980, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, autoras do livro Psicogênese da Língua Escrita,
apresentaram resultados de suas pesquisas sobre a alfabetização, mostrando que
o aluno constrói hipóteses sobre a escrita e também aprende ao reorganizar os
dados que têm em sua mente. Em seguida, as pesquisas de didática da leitura e
escrita produziram conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem desses
conteúdos.
Hoje, a tendência
propõe que certas atividades sejam feitas diariamente com os alunos de todos os
anos para desenvolver habilidades leitoras e escritoras. Entre elas, estão a
leitura e escrita feita pelos próprios estudantes e pelo professor para a turma
(enquanto eles não compreendem o sistema de escrita), as práticas de
comunicação oral para aprender os gêneros do discurso e as atividades de
análise e reflexão sobre a língua.
A leitura, coletiva e individualmente, em voz alta ou baixa, precisa fazer
parte do cotidiano na sala. "O mesmo acontece com a escrita, no convívio
com diferentes gêneros e propostas diretivas do professor. O propósito maior
deve ser ver a linguagem como uma interação", explica Francisca Maciel,
diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), em Belo
Horizonte.
O desenvolvimento da linguagem oral, por sua vez, apesar de ainda pouco
priorizado na escola, precisa ser trabalhado com exposições sobre um conteúdo,
debates e argumentações, explanação sobre um tema lido ou leituras de poesias.
"O importante é oferecer oportunidades de fala, mostrando a adequação da
língua a cada situação social de comunicação oral".
Por esse entendimento
da leitura, da escrita e da oralidade, mudam os objetivos da Educação.
"Considerar que o objeto de ensino se constrói tomando como referência as
práticas de leitura e escrita supõe determinar um lugar importante para o que
os leitores e escritores fazem, supõe conceber como conteúdos fundamentais do
ensino os comportamentos do leitor, os comportamentos do escritor", diz Delia Lerner no
livro Ler e Escrever na Escola, O Real, o Possível e o Necessário.
Para que a aprendizagem seja efetiva, a intenção do educador deve ser a de
extrapolar as situações de escrita puramente escolares e remeter às práticas
sociais. Dessa forma, possibilita-se aos alunos o contato com gêneros que
existem na vida real - e não propor a elaboração de redações escolares sem
contexto. "A proficiência do aluno requer a aprendizagem não apenas dos
conteúdos gramaticais mas também dos discursivos",
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