A cultura africana é extremamente diversificada e suas características retratam
tanto a história do povo quanto a de seu continente. Isso acontece porque os
habitantes da África evoluíram em um ambiente cheio de contrastes e com várias
dimensões. Culturalmente eles diferem muito entre si, falam um vasto número de
línguas, praticam diferentes religiões, vivem em habitações diversificadas e se
envolvem em inúmeras atividades econômicas.
No Brasil, a cultura africana chegou através do tráfico negreiro que trouxe
para o País povos da África na condição de escravos. Da mesma forma que os
indígenas, os africanos tiveram sua cultura repreendida pelos colonizadores.
Mesmo assim foram eles que ajudaram a dar origem às religiões afro-brasileiras,
e trouxeram muitos de seus costumes para a dança, música, culinária e idioma.
Desde a chegada dos negros no Brasil, houve uma grande influência da cultura
africana na nossa maneira de viver em muitas circunstâncias.
Podemos destacar a presença afro-brasileira na nossa língua, de proveniência
africana temos as seguintes palavras: cachaça, moleque, quindim, jiló, macumba,
marimbondo, cochilo, tanga, samba, maxixe, zabumba, acarajé, carimbó, canjica,
etc. Também se destacam nomes: Jurema, Iuri, Joaquim, Jusefa, etc. Não podemos
nos esquecer da importância que trouxeram na alimentação: paçoca, feijoada,
quindim, tapioca, bolo de fubá, acarajé, vacapá, bobó, feijão mulatinho, dendê,
inhame e aipim. O Brasil teve uma forte influência da religião africana,tais
como a Cacumba, Iemanjá e o Candoblé. O candoblé por exemplo, é uma religião
fetichista(mas que sofreu influências do cristianismo), hoje comum no nosso
país e que veio originalmente da África.
O racismo e o preconceito têm sua raiz no processo de escravização dos povos
africanos pelos europeus. Os escravos eram empregados em praticamente todas as
atividades nos três séculos e meio que durou a escravidão em nosso país.
Esse povo sofreu, mas trouxe consigo características que não se perderam com o
tempo e permanecem até hoje aucumulada na diversidade brasileira.
Cultura afro-brasileira
Denomina-se cultura afro-brasileira o conjunto de manifestações culturais do
Brasil que sofreram algum grau de influência da cultura africana desde os tempos
do Brasil colônia até a atualidade. A cultura da África chegou ao Brasil, em
sua maior parte, trazida pelos escravos negros na época do tráfico
transatlântico de escravos. No Brasil a cultura africana sofreu também a
influência das culturas europeia (principalmente portuguesa) e indígena, de
forma que características de origem africana na cultura brasileira encontram-se
em geral mescladas a outras referências culturais.
Traços fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje em variados
aspectos da cultura brasileira, como a música popular, a religião, a culinária,
o folclore e as festividades populares. Os estados do Maranhão, Pernambuco,
Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio
Grande do Sul foram os mais influenciados pelacultura de origem africana, tanto
pela quantidade de escravos recebidos durante a época do tráfico como pela
migração interna dos escravos após o fim do ciclo da cana-de-açúcar na região
Nordeste.
Ainda que tradicionalmente desvalorizados na época colonial e no século XIX, os
aspectos da cultura brasileira de origem africana passaram por um processo de
revalorização a partir do século XX que continua até os dias de hoje.
Evolução histórica
De maneira geral, tanto na época colonial como durante o século XIX a matriz
cultural de origem europeia foi a mais valorizada no Brasil, enquanto que as
manifestações culturais afro-brasileiras foram muitas vezes desprezadas,
desestimuladas e até proibidas. Assim, as religiões afro-brasileiras e a arte
marcial da capoeira foram frequentemente perseguidas pelas autoridades. Por
outro lado, algumas manifestações de origem folclórico, como as congadas, assim
como expressões musicais como o lundu, foram toleradas e até estimuladas.
Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais
afro-brasileiras começaram a ser gradualmente mais aceitas e admiradas pelas
elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas
as manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das
primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou
posição de destaque na música popular, no início do século XX.
Posteriormente, o governo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas
desenvolveu políticas de incentivo do nacionalismo nasquais a cultura
afro-brasileira encontrou caminhos de aceitação oficial. Por exemplo, os
desfiles de escolas de samba ganharam nesta época aprovação governamental
através da União Geral das Escolas de Samba do Brasil, fundada em 1934.
Outras expressões culturais seguiram o mesmo caminho. A capoeira, que era
considerada própria de bandidos e marginais, foi apresentada, em 1953, por
mestre Bimba ao presidente Vargas, que então a chamou de "único esporte
verdadeiramente nacional".
A partir da década de 1950 as perseguições às religiões afro-brasileiras
diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida por parte da classe média carioca.
Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas
pela elite intelectual branca.
Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino
fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura
afro-brasileira.
Estudos afro-brasileiros
O interesse pela cultura afro-brasileira manifesta-se pelos muitos estudos nos
campos da sociologia, antropologia, etnologia, música e linguística, entre
outros, centrados na expressão e evolução histórica da cultura afro-brasileira.
Muitos estudiosos brasileiros como o advogado Edison Carneiro, o médico legista
Nina Rodrigues, o escritor Jorge Amado, o poeta e escritor mineiro Antonio
Olinto, o escritor e jornalista João Ubaldo, o antropólogo e museólogo Raul
Lody, entre outros, além de estrangeiros como o sociólogofrancês Roger Bastide,
o fotografo Pierre Verger, a pesquisadora etnóloga estadunidense Ruth Landes, o
pintor argentino Carybé, dedicaram-se ao levantamento de dados sobre a cultura
afro-brasileira, a qual ainda não tinha sido estudada em detalhe.
Alguns infiltraram-se nas religiões afro-brasileiras, como é o caso de João do
Rio, com esse propósito; outros foram convidados a fazer parte do Candomblé
como membros efetivos, recebendo cargos honorificos como Obá de Xangô no Ilê
Axé Opô Afonjá e Ogan na Casa Branca do Engenho Velho, Terreiro do Gantois, e
ajudavam financeiramente a manter esses Terreiros.
Muitos sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever a história das
religiões afro-brasileiras, recebendo a ajuda de acadêmicos simpatizantes ou
membros dos candomblés. Outros, por já possuírem formação acadêmica,
tornaram-se escritores paralelamente à função de sacerdote, como é caso dos
antropólogos Júlio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima, as Iyalorixás Mãe
Stella e Giselle Cossard, também conhecida como Omindarewa a francesa, o
professor Agenor Miranda, a advogada Cléo Martins e o professor de sociologia
Reginaldo Prandi, entre outros.
Culinária
A feijoada brasileira, considerada o prato nacional do Brasil, é frequentemente
citada como tendo sido criada nas senzalas e ter servido de alimento para os
escravos na época colonial. Atualmente, porém, considera-se a feijoada
brasileira uma adaptação tropical da feijoada portuguesa que não foi servida
normalmente aos escravos. Apesar disso, a cozinha brasileiraregional foi muito
influenciada pela cozinha africana, mesclada com elementos culinários europeus
e indígenas.
A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos
típicos como acarajé, caruru, vatapá e moqueca. Estes pratos são preparados com
o azeite-de-dendê, extraído de uma palmeira africana trazida ao Brasil em
tempos coloniais. Na Bahia existem duas maneiras de se preparar estes pratos
"afros". Numa, mais simples, as comidas não levam muito tempero e são
feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidas aos orixás. Na outra
maneira, empregada fora dos terreiros, as comidas são preparadas com muito
tempero e são mais saborosas, sendo vendidas pelas baianas do acarajé e
degustadas em restaurantes e residências.
Música e dança
A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a
África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau,
ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos.
A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos.
As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu,
ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada, maxixe, maculelê.
Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos
africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e
mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e
se tornou a mais popular nos dias atuais.
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